Crescimento do Mercado de Carbono: Compensação de emissões de figuras públicas

A compra de créditos para compensar o volume de carbono emitido é um assunto com bastante espaço na mídia. Em todo o mundo, esse mercado movimenta bilhões de dólares e ainda está no começo do seu real potencial de expansão. No texto a seguir, você vai conhecer melhor as bases da comercialização dos créditos de CO2 e seu cenário global.


Em março de 2023, a cantora americana Taylor Swift deu início a sua turnê mundial “The Eras Tour”. A lista oficial de apresentações mostra 151 shows através de 22 países, na América do Norte, Europa, América Latina, Ásia e Oceania.

Informações exclusivas do Business Insider mostraram a iniciativa de Taylor Swift para minimizar o impacto da pegada de carbono das viagens entre seus muitos shows.

Antes mesmo da The Eras Tour começar, a cantora e compositora comprou o dobro de créditos de carbonos necessários com o intuito de compensar as emissões de CO2 de todos os voos da sua extensa turnê.

Muitas outras figuras públicas, como Bill Gates, também são adeptas da compensação de carbono. E, há anos, a comercialização de créditos no mercado de carbono está interligada a políticas governamentais e empresariais.

De acordo com análise da Refinitiv Financial Solution, 229 bilhões de euros foram negociados no mercado de carbono apenas em 2020.

Desde então, o interesse por créditos de carbono disparou. Fatores como valorização de iniciativas sustentáveis e práticas ESG, além da maior preocupação dos consumidores com as mudanças climáticas têm influência direta nisso.

Ao longo deste artigo, falaremos sobre esse mercado, suas regulamentações e seu potencial no Brasil e no mundo.

Confira a seguir.

Como surgiram as políticas mundiais do mercado de carbono?

Desde 1990, os níveis de emissão de gases do efeito estufa (GEE) preocupam entidades internacionais. O Protocolo de Kyoto, de 1997, foi a primeira grande iniciativa conjunta para reduzir essas emissões e, consequentemente, desacelerar o aquecimento global.

Países integrantes da ONU firmaram o acordo e se comprometeram a trabalhar ativamente na redução do lançamento de CO2 na atmosfera.

Com políticas de controle e regulação, um dos pilares para diminuir a emissão de GEE envolvia mudanças nos modelos de produção e consumo.

Instrumentos econômicos também foram criados para viabilizar o cumprimento das metas ambientais, tanto por meio de incentivos e subsídios quanto através da precificação de carbono.

Para fazer essa atribuição de um preço sobre as emissões de CO2, foram pensadas duas possibilidades:

  1. Taxação de carbono (preço a ser pago por unidade de emissão de gases de efeito estufa para que o nível de redução estipulado seja atingido)
  2. Mercado de carbono

Assim sendo, o Protocolo de Kyoto criou o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. O MDL permitiu que países desenvolvidos passassem a comprar créditos de carbono de países em desenvolvimento.

O primeiro projeto baseado no mercado de carbono em todo o mundo foi implementado em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. Através de financiamento por venda de créditos de carbono para os Países Baixos, um antigo lixão foi transformado em aterro sanitário.

O acordo assinado em Kyoto também criou o Comércio Internacional de Emissões (CIE). Com isso, países desenvolvidos signatários poderiam negociar entre si as licenças de emissões, representando os excedentes em suas metas relacionadas aos gases de efeito estufa.

O Acordo de Paris e a evolução do mercado de carbono

Em 2015, o Acordo de Paris substituiu o Protocolo de Kyoto, unindo nações desenvolvidas e em desenvolvimento pela redução de emissões de CO2.

Todos os países signatários criaram suas metas individuais que formam a Contribuição Nacionalmente Determinada (em inglês, Nationally Determined Contributions – NDCs).

Além disso, outra mudança decorrente do Acordo de Paris foi a regulamentação de trocas internacionais de créditos de carbono entre os países participantes (não só os desenvolvidos), agentes públicos e/ou privados. 

A partir de então, com diversos governos interessados em cumprir metas de diminuir a emissão de CO2 e novas possibilidades de comercialização de créditos, o Mercado Internacional de Carbono cresceu exponencialmente. Hoje, ele ocupa uma posição que vai além de acordos entre nações. 

Mercado de carbono regulado e voluntário

Desde que surgiu, o propósito do mercado de carbono é favorecer a redução de emissões de gases de efeito estufa sem causar retrocessos para o avanço das indústrias e tecnologias.

Ao mesmo tempo, ele favorece a implementação de programas de sustentabilidade inovadores nos países em desenvolvimento, já que são os projetos dessas nações que produzem as Reduções Certificadas de Emissões

O mercado regulado e o avanço das metas globais

Países e/ou organizações que emitem um alto volume de GEE buscam os créditos de carbono para compensar suas emissões e alcançar suas metas pré-definidas de redução. No entanto, para que esses créditos sejam contabilizados dentro dessas metas, eles precisam ter origem em projetos e ações sustentáveis que obedecem regras obrigatórias de certificação.

Em outras palavras, por funcionar em uma estrutura com regulamentações e requisitos obrigatórios, esse é o chamado Mercado Regulado de Carbono.

Cada país desenvolve suas legislações próprias para esse mercado, e pode implementá-las de acordo com suas políticas internas.

No Brasil, a negociação de créditos de carbono é amparada pelo Decreto nº 5.882, de 2006. Contudo, ainda não há uma legislação específica aprovada para criar um mercado do tipo regulado no Brasil.

Em outubro de 2023, o senado brasileiro entrou em consenso sobre o Projeto de Lei nº 412/2022, de regulamentação do mercado de carbono nacional. A proposta é que o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) seja o ambiente regulado para a comercialização de ativos representativos de emissão, redução ou remoção de gases do efeito estufa.

Mesmo com o PL ainda em andamento, o mercado de carbono brasileiro vê muita movimentação. Segundo relatório da Ecosystem Marketplace, as transações nacionais no setor chegaram a cerca de 2 bilhões de dólares em 2021 e, de acordo com a consultoria global McKinsey & Company, o Brasil emite cerca de 5 milhões de créditos de carbono por ano no mercado voluntário.

O Mercado Voluntário de carbono e sustentabilidade empresarial

As mudanças climáticas e a necessidade de iniciativas para desacelerar o aquecimento global passaram a ser tópicos de extrema importância para governos e empresas. Para além da obrigatoriedade, a atenção das organizações com o tema acompanha uma demanda do público, que quer ver ações de impacto sendo desenvolvidas.

A comercialização de créditos de carbono no mercado voluntário ganha cada vez mais relevância, funcionando não só para que as empresas evoluam em suas práticas ESG e compensem suas emissões de CO2, mas também como parte de um marketing sustentável.

Diferentemente do regulado, o mercado de carbono voluntário é independente de regulamentações governamentais ou do sistema da ONU. O interesse pela compra e venda dos créditos parte de compromissos voluntários ao invés de metas de compensação obrigatórias.

Os pontos centrais do mercado voluntário são:

  • Os créditos, oficialmente chamados Reduções Voluntárias de Emissões, podem ser gerados em qualquer lugar do mundo e são certificados por entidades independentes.
  • Pelo nível menor de burocracia, o mercado voluntário reconhece projetos que não podem participar do mercado regulado.
  • Empresas, ONGs, instituições, governos e cidadãos podem se envolver.

Ao buscarem a aquisição desses créditos, as companhias podem reforçar suas estratégias de sustentabilidade, valorizar sua marca e seus produtos, engajar consumidores e acionistas, etc.

A compensação com a compra de créditos de carbono é central em compromissos sustentáveis em grandes empresas

Em organizações maiores, mesmo mudanças abrangentes podem mostrar resultados na redução de emissões de GEE apenas a longo prazo. Para alguns setores, mesmo que sejam feitas, certas modificações ainda não são possíveis. Ainda assim, as empresas têm assumido mais responsabilidade em relação a iniciativas verdes

Levando em consideração o quanto as emissões de CO2 estão em pauta e nas possibilidades que o mercado voluntário oferece às companhias, o comércio de créditos de carbono tem se tornado cada vez mais forte.

Um selo de compensação de carbono é um marketing muito positivo para as empresas, já que ajuda a expandir oportunidades de negócio, diferenciar a marca entre concorrentes e impulsionar vendas.

Iniciativas de compra de créditos de carbono da moda a corridas automobilísticas

A Amaro, RetailTech brasileira de moda e lifestyle, foi a primeira empresa de consumo nacional 100% CO2 negativo.

Do mesmo modo que buscou alternativas com fibras biodegradáveis e a substituição de plástico, a marca investiu na compensação de carbono: em 2021, a estimativa do volume de emissões era de 15 mil toneladas e a compra de créditos de carbono foi o equivalente a 30 mil toneladas de CO2.

A Simple Organic trabalha com um plano de neutralização de CO2 para sua logística da cadeia comercial.

A marca já nasceu a partir de uma ideia de sustentabilidade, com produtos de beleza naturais e veganos. Nos últimos anos, a compensação de carbono nas operações da Simple Organic chegou para complementar outras iniciativas, como logística reversa, reciclagem, uso mínimo de plástico e fornecedores orgânicos.

A McLaren fechou acordo para comprar créditos de carbono da floresta amazônica em busca do seu objetivo de zerar suas emissões líquidas até 2040.

A McLaren, uma das principais equipes de Fórmula 1 e Indy, assumiu o compromisso de atingir neutralidade de carbono até 2040. Para isso, a escuderia tem fechado acordos para compensar suas emissões de CO2, incluindo a compra de créditos de carbono de projetos de reflorestamento da Amazônia.

Klabona: investimento inovador, segurança e transparência com créditos de carbono tokenizados

Um levantamento das consultorias WayCarbon e da McKinsey divulgado em 2023 mostra que o Brasil tem potencial de atender a quase 50% da demanda global de créditos de carbono até 2030.

De um lado, esse dado aponta para uma alternativa na redução de emissões de gases de efeito estufa e, consequentemente, da atenuação do aquecimento global. Do outro, percebemos a ampla possibilidade de crescimento do mercado de carbono.

A Klabona é uma iniciativa que une sustentabilidade e inovação, desenvolvida a partir da parceria entre a KLA Invest e a Carbona.

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