DREX: Guia completo

O mundo financeiro evoluiu muito nos últimos anos e novidades surgem constantemente. Recentemente, o anúncio do lançamento do DREX abriu mais uma discussão interessante sobre o assunto. Se você quer entender o que é essa nova moeda digital, criada no Brasil, então, continue conosco, pois vamos explicar tudo para você.

Você já deve ter ouvido falar das criptomoedas e deve estar achando que o DREX é mais uma delas, certo?

Então, você se enganou, pois a proposta do DREX é completamente diferente, já que sua criação tem um propósito totalmente diferente.


Vamos começar explicando o que significa DREX

O D faz referência ao Digital, o R ao Real, a letra E ao fato de ser uma plataforma eletrônica e o X, segue o padrão moderno de transações eletrônicas, como no PIX.

Desde que foi anunciado, o assunto tomou conta das pautas dos principais agentes financeiros. Diversos congressos, painéis e eventos organizados por agências, bancos, veículos de imprensa e outras instituições interessadas no assunto já foram organizados para debater o tema e esclarecer dúvidas.

Ao contrário das criptomoedas, o DREX tem controle e fiscalização central, que são feitos pelo Banco Central (BC). 

Para facilitar a compreensão, imagine que todas as moedas e cédulas de Reais fossem digitalizadas. Então, ao invés de você usar uma nota de R$10, você usaria um equivalente digital. A proposta é realizar essa “substituição” de moedas e notas físicas pelo digital.

Portanto, é necessário que haja essa “troca”, caso contrário haveria um excesso de dinheiro em circulação, causando inflação.

Se você ainda não entendeu, não se preocupe, vamos explicar isso detalhadamente.

O que é DREX?

O projeto está sendo desenvolvido há anos. Um importante passo foi dado em 2020, quando um grupo de trabalho foi criado para elaborar as diretrizes de uma moeda digital. No ano seguinte, os princípios gerais foram divulgados, dando notoriedade na mídia.

Em primeiro lugar, saiba que o DREX não é uma criptomoeda e não será um modelo de PIX. Sua proposta foi criada pelo Banco Central e pode ser definida como a primeira moeda digital do Brasil, que também pode ser chamada de Real Digital.

Na prática, cada DREX equivale a R$1, conforme explica Aristides Cavalcante, chefe de cibersegurança do Banco Central, em entrevista dada ao site Infomoney, em agosto de 2023.

Vale destacar que o DREX, ao contrário de criptomoedas, é uma moeda oficial lançada pelo Banco Central, como uma forma alternativa das cédulas físicas que já foram emitidas.

Conforme matéria publicada no portal Infomoney, em agosto de 2023, Tatiana Guazzelli, sócia do Pinheiro Neto Advogados e especialista no mercado de cripto ativos explica que o principal objetivo do DREX é tornar as transações financeiras mais rápidas, baratas e acessíveis, sem a necessidade de intermediários. Seria uma maneira muito parecida com o funcionamento do PIX, porém, não é uma forma de transação, como explicaremos logo mais.

Outra característica do DREX deve beneficiar os investidores, pois, como as transações estarão disponíveis 24 horas, espera-se que os aportes e resgates possam ser realizados a qualquer momento. Atualmente, essas movimentações seguem horários estabelecidos pelo próprio mercado financeiro, pois dependem de ações manuais dos agentes financeiros.

Algumas regras de sua utilização, assim como sistema de segurança, ainda estão em debates. Porém, já é possível fazer um panorama geral sobre o que é o DREX. 

  • O DREX é classificado como CBDC – Central Bank Digital Currency (Moeda Digital de Banco Central, na sigla em inglês);
  • O DREX será emitido pelo Banco Central;
  • Os bancos não poderão emprestar a moeda digital, como fazem com o dinheiro físico;
  • A moeda digital terá custódia do BC;
  • Ela segue a cotação do real, junto às demais moedas;
  • Os bancos intermediarão a distribuição ao público;

De acordo com matéria publicada no portal Exame, em novembro de 2023, a criação do DREX também deve facilitar a criação de novos negócios e estimular o empreendedorismo, já que a moeda digital oferece a capacidade de suportar operações complexas como liquidações e contratos inteligentes. 

Este ambiente digital vem mudando nos últimos anos e deve transformar as maneiras como as operações financeiras são realizadas, garantindo, cada vez mais, segurança e transparência.

A tecnologia por trás do DREX

A discussão em torno da moeda digital brasileira também abrange sua regulação e o que fazer para minimizar riscos sem atingir a inovação. Por isso, especialistas se preocupam com a questão legal e regulatória dessa iniciativa​.

O DREX será desenvolvido a partir da tecnologia conhecida como DLT, que torna todas as movimentações transparentes, pois todos podem acessá-las. É como um sistema de dados aperfeiçoado, que permite o compartilhamento de dados de forma colaborativa e segura.

O Bitcoin, por exemplo, usa uma versão desta tecnologia, chamada de blockchain, desde 2008. Essa tecnologia recebe este nome porque funciona como uma corrente, onde cada bloco de informação é protegido por senhas complexas. Quando um novo bloco de informação é adicionado, não dá para ser retirado, pois ele fica conectado aos demais blocos, que estão protegidos por senhas.

Dessa forma, é impossível acessar e apagar um bloco de informações do sistema. Por isso, podemos confiar que seus dados são invioláveis.

O DREX funcionará com tecnologia de proteção de dados conhecida como Hyper Ledger Besu, que segue o modelo de blockchain de código aberto, desenvolvido com a finalidade de ser versátil e eficiente. Este sistema permite a construção de aplicações e redes blockchain privadas e permissionadas. 

O Hyper Ledger Besu funciona com tecnologia Ethereum, desenvolvida pelos criadores da criptomoeda que recebe o mesmo nome. A Ethereum é uma plataforma de blockchain avançada, capaz de executar contratos inteligentes, que são programas automatizados que executam exatamente como foram programados sem possibilidade de fraude ou interferência.

A segurança dos dados é garantida através de grupos de privacidade, permitindo que as transações sejam vistas apenas por participantes envolvidos. Seu design o torna uma solução para sistemas que buscam integrar a tecnologia blockchain em seus processos.

Qual a diferença entre moeda digital e criptomoedas?

Basicamente, as diferenças entre moeda digital e criptomoedas consistem em sua governança e finalidade. 

Vale ressaltar que a moeda digital é um recurso oficial, com seu valor atrelado à moeda do país. Já as criptomoedas não são oficiais e têm valor variável, conforme sua aceitação ou especulação.

As moedas digitais são emitidas por uma autoridade, como o Banco Central, que regulamenta seu uso e é o responsável por sua estabilidade. 

As criptos, por outro lado, não são centralizadas e nem regulamentadas. Elas funcionam em rede e qualquer pessoa pode participar desta rede.

A segurança das criptos não é centralizada. Ela é feita por meio de um consenso entre os participantes.

Sob o olhar da tecnologia, as criptos e as moedas digitais usam o blockchain, ou DLTs (Distributed Ledger Technologies). Porém, como a moeda digital tem uma central regulamentadora, é essa instituição que determina qual tecnologia será usada para o desenvolvimento da moeda digital sob sua gestão.

As moedas digitais visam “substituir” o dinheiro físico. Seria como digitalizar cada moeda ou nota em circulação, para facilitar e agilizar as transações financeiras.

As criptomoedas, por outro lado, visam oferecer uma alternativa ao sistema financeiro comum. Seria uma forma descentralizada de concentrar valores monetários.

Qual a diferença entre DREX e PIX?

Desde que foi anunciado, muitas pessoas ainda se perguntam sobre qual a diferença entre DREX e PIX.

O PIX é um sistema de pagamentos instantâneo lançado em 2020 pelo Banco Central, permitindo pessoas físicas e jurídicas realizarem transferências bancárias praticamente em tempo real, 24 horas por dia, sete dias por semana, incluindo feriados.

Já o DREX é uma moeda digital que tem equivalência com o dinheiro físico. Não se trata de um sistema de transferências, mas sim de uma moeda.

O objetivo do DREX é complementar o sistema monetário, dando mais segurança e transparência às transações financeiras. Ao contrário do PIX, o DREX representa dinheiro real.

Como funcionará o DREX?

De acordo com um matéria publicada no e-Investidor, do grupo Estadão, em novembro de 2023, a moeda digital está em fase final de testes, com 16 consórcios habilitados a desenvolverem tecnologia e ferramentas para que o sistema funcione corretamente.

Desde setembro do ano passado, testes de transações e depósitos bancários ativos estão sendo realizados, com o propósito de otimizar a moeda e identificar possíveis falhas.

O DREX também deve facilitar os serviços oferecidos por meio do Open Finance, sistema financeiro de dados abertos, no qual o cliente aceita compartilhar seus dados de uma determinada instituição financeira a outras.

A princípio, a moeda digital seria usada para pagamentos, transferências e compras de títulos públicos. Porém, os próprios consórcios podem desenvolver novas formas de uso da moeda digital.

Conclusão

Previsto para ser lançado no final de 2024 ou início de 2025, a moeda digital DREX deve ser mais uma evolução financeira, que deve beneficiar milhões de brasileiros, trazendo novas oportunidades e democratizando as transações financeiras.

Espera-se que a tecnologia permita facilidades na relação de compra e venda, já que o sistema permite a criação de contratos inteligentes. O Santander, que participa da fase de testes, criou um protótipo de venda de veículos e imóveis através desses contratos inteligentes vinculados ao DREX.

Dessa forma, ao comprar um carro, o vendedor tem a garantia de que vai receber o dinheiro ao repassar o carro, assim como o comprador terá a segurança de adquirir o bem adquirido quando fazer a transferência com DREX, utilizando um contrato inteligente.

Em fase final de teste, segundo Paulo David, CEO da AmFi, em entrevista publicada no portal e-Investidor, o objetivo principal é reduzir os custos das operações bancárias, além de  democratizar o acesso ao sistema financeiro. Ele acredita que moeda digital vai melhorar o mercado de pagamentos de varejo e aumentar a competitividade do setor.

Portanto, o que podemos esperar com o lançamento do DREX é que novas soluções financeiras surjam, tornando as transações financeiras mais seguras e transparentes.

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