Como a tokenização impacta investimentos coletivos e a economia
A tokenização de ativos via blockchain continua a evoluir e firmar seu espaço no mercado financeiro. A tendência é que, cada vez mais, o crowdfunding facilitado por tokens ganhe força e alcance novos perfis de investidores.
Segundo a RedStone, ecossistema de informações financeiras, a tokenização de ativos movimentou mais de R$3 bilhões no ano de 2023. Mesmo sendo um setor relativamente novo, seu impacto tem provocado grandes ondas de transformação no mercado financeiro.
Uma dessas transformações está relacionada à potencialização de investimentos coletivos. Também conhecido como crowdfunding em alguns nichos, esse tipo de aplicação já se provou extremamente benéfica tanto para negócios que buscam captar recursos quanto para os investidores.
Várias startups saíram do papel para se tornarem empresas bilionárias através de investimentos coletivos. Um exemplo é a Oculus VR, que desenvolveu seu protótipo de óculos para uma experiência mais imersiva de realidade virtual que, mais tarde, foi vendido para o Meta (Facebook).
Com a posição do Brasil como líder no mercado de criptoativos na América Latina e regulamentações nacionais que favorecem a tokenização de ativos reais, novas possibilidades se abrem para os investimentos coletivos. É sobre isso que queremos falar aqui.
Dinamismo e oportunidades para a economia brasileira com os tokens
A agilidade e a versatilidade são importantes para o mercado financeiro. Movimentações mais dinâmicas e menos burocráticas facilitam oportunidades de negócio e geram valor para a economia.
Ao trabalharmos com ativos digitais, viabilizamos transações mais rápidas e seguras, sem barreiras como horários bancários.
A tokenização é a conversão de um ativo real em um ativo digital
Através da tecnologia blockchain, com os smart contracts, ativos como títulos, jóias, direitos autorais, etc, podem ser registrados permanentemente como tokens digitais. Esses tokens são ativos virtuais que podem ser vendidos, transferidos e/ou negociados sem empecilhos.
Mesmo os criptoativos já tendo garantido um destaque expressivo no mercado, alguns empreendedores e investidores mais tradicionais podem ter dúvidas quanto à segurança da tokenização. No entanto, não há motivos para incertezas.
- A blockchain, rede de dados onde os ativos reais são criptografados, é reconhecida primordialmente pela sua segurança de ponta. Essa tecnologia tem um sistema virtualmente inviolável.
- Questões operacionais, técnicas e regulatórias fazem parte desse sistema seguro.
- A transformação de um ativo real em digital é permanente e rastreável. Isso evita fraudes, falsificações ou manipulação, tanto do lado das empresas quanto de quem investe.
- A tokenização na blockchain é feita de forma automatizada, a partir de configurações pré-definidas, evitando erros e inconsistências nas transações.
Assim, é possível afirmar que a conversão de ativos reais, tangíveis ou intangíveis, em tokens é uma operação com alto padrão de veracidade e confiabilidade.
Leia mais: A revolução da tokenização no mercado financeiro
Como os investimentos coletivos são impulsionados pela tokenização?
Antes de nos aprofundarmos na relação entre os investimentos coletivos e a tokenização, é interessante expandir um pouco nossa conversa sobre os mesmos.
O crowdfunding não se restringe só à obtenção rápida de capital
O aporte financeiro mais ágil é, sim, um dos grandes benefícios dos investimentos coletivos para as empresas. No entanto, há outros diferenciais importantes de serem mencionados:
- Ao optar pelo crowdfunding, o empresário consegue que um número muito maior de investidores contribuam com recursos e com a construção de um nome mais sólido no mercado.
- No caso do equity crowdfunding, o time interno também tem a possibilidade de se engajar com o empreendimento, gerando ainda mais estímulo para outros participantes.
- Além do compartilhamento da oportunidade entre os investidores, é comum que os principais veículos de comunicação do setor divulguem investimentos coletivos que podem ser interessantes para seu público. Assim, há uma disseminação mais forte e ampla da marca.
E onde entram os ativos digitais nesse contexto?
Podemos destacar alguns pontos da transformação de ativos reais em tokens digitais que facilitam os investimentos coletivos.
A tokenização traz a possibilidade de transformar um ativo real indivisível em vários ativos digitais fracionados, divisíveis, que podem ser adquiridos por diversos investidores no modelo de crowdfunding.
Além de ser uma operação menos burocrática, é mais confiável e democrática.
Essa digitalização também agiliza a captação de recursos, já que, como falamos anteriormente, os tokens são processados com contratos inteligentes automatizados.
Valores de entrada mais acessíveis são outro aspecto de extrema importância. Há várias pessoas que buscam investimentos para diversificar seu portfólio mas querem trabalhar dentro de budgets mais limitados. Com os ativos digitais, as empresas conseguem alcançar essa parcela ampla de investidores.
A tokenização já trouxe resultados notáveis para diferentes áreas de negócio
Com essa visão das muitas oportunidades que a tokenização pode gerar e considerando que, potencialmente, não há limites para quais assets podem ser transformados em tokens, podemos entender porque empresas e projetos dos mais diversos setores estão aderindo a este modelo.
No âmbito nacional, temos alguns exemplos de iniciativas que chamaram a atenção do mercado. Confira a seguir.
Fan Tokens no futebol
O Flamengo bateu um recorde mundial em 2021 com o lançamento do seu fan token: todos os 1,5 milhões deles foram vendidos para a torcida do time em 12 minutos.
Entre 2022 e 2023, detentores do token do Coritiba faturaram mais de R$900.000 com a negociação do jogador Dodô para a Fiorentina (clube italiano). A divisão do valor é feita de forma proporcional aos tokens adquiridos.
Os investidores dos 850 mil tokens do Corinthians fizeram parte da votação de qual ídolo do time seria homenageado com uma estátua no Parque São Jorge.
Outro caso impressionante foi o da venda de Neymar para o Al-Hilal. Por ser o time de base do jogador, o Santos sempre recebe uma porcentagem quando ele é transferido. Dessa vez, os rendimentos na casa dos milhões também chegaram para aqueles que adquiriram fan tokens.
A aquisição de fan tokens de clubes de futebol contempla outros benefícios que vão além do investimento: direito a voto em assuntos diversos, participação em eventos exclusivos, prêmios personalizados, etc. No entanto, diferente de programas de “Sócio Torcedor”, não há necessidade de pagamento contínuo para usufruir de tais benefícios e, assim como outros ativos digitais, podem ser vendidos, alugados e/ou negociados.
Tokenização em prol da Mata Atlântica com a Nestlé
Em 2023, a Nestlé lançou uma coleção de NFTs (Non-Fungible Tokens) como parte de uma iniciativa de arrecadação de verba para a ONG SOS Mata Atlântica. Cinco artistas plásticos brasileiros contribuíram com a produção de 10 cards com artes originais que podiam ser adquiridos no site do projeto.
Imovelweb e os primeiros imóveis tokenizados
Nesses empreendimentos, o token representa a escritura do imóvel e pode ser adquirido em pequenas frações ou como um todo.
Os interessados podem comprar porcentagens do bem sem necessidade de financiamento. A partir da aquisição, o investidor passa a ser dono de uma parte do imóvel e, caso deseje em um outro momento, pode comprar mais dessas frações sem adição de juros.
Caso o imóvel seja alugado para terceiros, cada investidor recebe uma porcentagem proporcional ao que adquiriu.
A percepção sobre os ativos financeiros digitais é cada vez mais positiva
Em todo o mundo, a tokenização de ativos segue ampliando sua participação no sistema financeiro. De acordo com o World Economic Forum e o Boston Consulting Group, a projeção é que o alcance da economia tokenizada chegue a 10% do PIB global até 2030.
O Brasil está acompanhando essa transformação. Além de nosso mercado já ter criado, com sucesso, inúmeras oportunidades, a própria Comissão de Valores Mobiliários (CVM) acompanha a movimentação da tokenização e dos investimentos coletivos, trazendo mais confiabilidade e segurança tanto para empresas quanto para investidores.
O Parecer de Orientação 40 da CVM valoriza a tokenização como método de oferta e fortalece a confiança nos investimentos coletivos
Primeiro, é válido mencionar que o amparo legal para a negociação com ativos digitais e para os investimentos coletivos não é recente. Desde 2021, a emissão de tokens no sistema financeiro foi autorizada pelo Banco Central. Um posicionamento oficial mais atual é o Parecer de Orientação 40 da Comissão de Valores Mobiliários.
Embora possam existir receios quanto a uma possível burocratização, este parecer não é, de forma alguma, um entrave para o setor. Pelo contrário: a regulamentação e definição de parâmetros elevam o status do mercado de criptoativos, qualificando e assegurando essas aplicações.
Como já mencionamos, há ainda investidores tradicionais que precisam ter mais contato com os ativos digitais para entender sua seguridade. O parecer da CVM é de grande importância para ajudá-los nessa mudança de perspectiva.
Além de trazer uma visão de mais firmeza e confiança, as novas regulamentações têm outros resultados positivos:
- Referências para estruturação de projetos
- Transparência para investidores e empresas
- Maior projeção para empreendimentos que optam pelo investimento coletivo
- Visibilidade amplificada das ofertas
- Possibilidade de conquista de novos perfis de investidores
A KLA Invest acredita na democratização do acesso ao mercado de capitais e na quebra de barreiras tradicionais
Criamos oportunidades para empresas e investidores. Oferecemos eficiência, segurança e acessibilidade através da tokenização de ativos para que cada vez mais pessoas participem do mundo dos investimentos digitais.
