Desde o início dos tempos percebemos que fatores externos são capazes de influenciar economicamente uma empresa, um setor, uma cidade, um país, um ou vários continentes. Para passar por essas situações, é necessário um excelente gerenciamento de crises com um plano e um time estruturados para passar por esta turbulência.
No blog de hoje, abordaremos o que são as crises financeiras, com três exemplos recentes para que você entenda melhor a situação da nossa bolsa de valores!

O que são as crises financeiras que afetam a economia global 

O conceito de crise financeira global é muito amplo, mas especialistas do mercado financeiro concordam que esta é uma denominação para um período de instabilidade econômica que afeta múltiplos países e regiões ao redor do mundo. Essa crise é geralmente caracterizada por uma série de eventos interconectados que levam a problemas sérios nos mercados financeiros, como quedas acentuadas nos preços dos ativos, desaceleração econômica, aumento do desemprego, inflação, custo de vida, entre outras consequências.

As crises financeiras globais podem ter várias causas, sejam bolhas especulativas, excesso de endividamento, problemas no setor bancário, problemas externos como turbulências políticas,  desastres naturais e outros fatores. Quando uma crise ocorre, ela pode ter impactos significativos em várias áreas, com consequências profundas e duradouras para a economia global e para a vida das pessoas. 

Essas crises externas podem afetar o Brasil de várias maneiras devido à sua economia globalmente interconectada. Aqui estão alguns dos impactos mais comuns:

• Desvalorização da nossa moeda: em períodos de incerteza, os investidores geralmente buscam ativos mais seguros em moedas estrangeiras, o que pode levar à desvalorização da moeda nacional. Isso torna as importações mais caras e pode causar inflação, afetando o poder de compra interno.
• Redução nas exportações: Se os principais parceiros comerciais do Brasil enfrentarem dificuldades econômicas, a demanda por produtos brasileiros no exterior pode diminuir. Isso pode afetar negativamente as exportações brasileiras e prejudicar a balança comercial.
• Impacto nos preços de commodities: O Brasil é um grande exportador de commodities, como soja, minério de ferro e petróleo. As crises econômicas globais frequentemente levam a queda ou elevações nos preços das commodities, o que afeta a receita do país.
• Aumento do desemprego: A desaceleração econômica resultante de uma crise global pode levar a demissões em empresas brasileiras, causando aumento do desemprego.
• Instabilidade nos Mercados Financeiros: A volatilidade nos mercados financeiros globais pode se espalhar para o Brasil, afetando o desempenho da nossa Bolsa de Valores.

Para lidar com esses impactos, o governo brasileiro e o Banco Central podem adotar políticas econômicas, como ajustes fiscais, intervenções no mercado cambial e cortes nas taxas de juros, para tentar mitigar os efeitos negativos das crises econômicas globais. No entanto, a capacidade de resposta depende da gravidade da crise e da situação econômica interna do Brasil.

Crises globais históricas que afetaram diretamente o Brasil

Acontecimentos significativos que ocorrem em outros países, mesmo que geograficamente distantes, têm o potencial de exercer influência considerável sobre a economia brasileira. Agora vamos ver 3 exemplos recentes de fatos que aconteceram e impactaram o cenário interno.

1. Conflito Rússia X Ucrânia

Apesar de o Brasil não estar envolvido de forma alguma nos conflitos entre Rússia e Ucrânia, piorados em fevereiro de 2022, nosso país foi impactado economicamente em diferentes setores. 

A Rússia é a maior produtora de fertilizantes do mundo e o Brasil compra esses fertilizantes para utilizar em nosso agronegócio. Com os conflitos na Europa, houve uma grande alta nos valores desses produtos, o que influenciou diretamente em nossos custos. Historicamente, segundo dados da Confederação Nacional da Agricultura, nossos produtos nunca gastaram tanto com a compra de fertilizantes como na safra 2022/23. Apesar da alta nos preços de fertilizantes, o agro conseguiu se manter para abastecimento interno e externo.

Outra influência foi no preço do combustível. A Rússia é o maior exportador de gás  natural do mundo e o segundo maior em petróleo. O barril de petróleo logo passou de US$100 para US$130, resultando na elevação dos preços dos combustíveis, impactando na inflação em todo o mundo, inclusive no Brasil. Porém, nem tudo ‘vem para o mal’. Com a alta internacional do petróleo em 2022, as empresas petrolíferas registraram lucros exorbitantes. A Petrobras divulgou lucros de R$145 bilhões no primeiro trimestre de 2022 em comparação com o mesmo período do ano anterior. 

2. Safra dos Estados Unidos 2022 em chamas

Assim como o Brasil, os Estados Unidos é um grande produtor e exportador de commodities e sua economia também depende da proporção de resultados deste setor de negócios. O ano de 2022 foi marcado por uma grande queimada na região da Califórnia que se estendeu por outros estados e impactou na safra do ano do país norte americano. Com isso, países consumidores de commodities dos  EUA precisaram recorrer a outros fornecedores, como o Brasil. 

Diante desse cenário, nosso agro quebrou recordes e recordes de exportações para abastecer o mercado externo, alavancando nossa economia. De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária, somaram US$11,32 bilhões, este valor é 15,4% superior ao registrado em dezembro de 2021.  Ao mesmo tempo que este cenário é positivo para a economia, pode ser negativo internamente, pois com o dólar em alta, a exportação dos nossos produtos impactou no abastecimento interno, fazendo com que o consumidor brasileiro tivesse que pagar mais por produtos base.

3. Crise minério de ferro na China em 2023

O mês de agosto de 2023 foi marcado por grave crise na China com as incorporadoras Country Garden e Evergrande, líderes do segmento no país. Ambas influenciaram muito  os fundos chineses, fazendo com que o valor do minério de ferro caísse muito, impactando diretamente na VALE e na Petrobras.

Como a crise na China causou influência nos valores de bolsa das nossas empresas brasileiras? 

Vamos analisar o pensamento e movimentos do mercado.

Como as incorporadoras apresentaram publicamente problemas financeiros, o mercado entendeu que não haveria compra de minério de ferro, fornecido pela nossa VALE. 

Neste contexto, o mercado entende que, se não houver compra no minério de ferro, não haveria transporte (do mesmo) do Brasil para a China. Portanto, se não há necessidade de transporte, não precisa abastecer os navios, portanto, não haveria compra de petróleo. Assim, nossas exportadoras de minério de ferro e petróleo, respectivamente VALE e Petrobras foram afetadas na bolsa de valores. Por sorte, ou estratégia, a crise foi rapidamente contornada pelo governo chinês e nossas empresas conseguiram recuperar seu valor na bolsa em pouco tempo. 

Oportunidades de crescimento no caos   

Com base no conteúdo exposto acima, é possível compreender que barreiras geográficas não são capazes de conter a influência de uma crise financeira, que pode ser local, regional ou até mesmo global. Entretanto, nem sempre podemos enxergar o lado negativo. Há oportunidades em todas as situações. 

O importante é que cada organização ou entidade, seja ela pública ou privada, tenha um excelente planejamento e gerenciamento de crises para ser capaz de contornar situações turbulentas como as citadas nos exemplos anteriores e conseguir passar por estes momentos sem muitos prejuízos.